terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O dízimo e a defesa do evangelho, por Joel Alexandre

I. INTRODUÇÃO
Em tempos nos quais teologias da liberalidade e da prosperidade se revelam como a máxima revelação divina e representação da bênção de Deus, lutas, dores e padecimentos e pobreza financeira não são mais compreendidos como disciplinas e ensinos vindos do Pai Celeste.
Como filhos mimados, nos posicionamos diante dEle, sob alegações de postura de fé, de dizimistas fiéis, usurpando a herança antes do tempo.
Invertemos o padrão do Reino, onde dar é melhor do que receber, e menor é melhor do que maior, onde o que nada tem, recebe tudo das mãos do Senhor... Esta é a verdadeira riqueza que do Alto é derramada sobre os que buscam com sinceridade e humildade o precioso e não o vil!
Aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela (Pv 8.10,11).
Esta matéria não tem como objetivo incentivar os cristãos a não colaborarem financeiramente com o seu pastor ou líder em seu trabalho congregacional, até porque o cristão que é movido pelo amor acima de tudo, deve colaborar de todas as formas, inclusive financeiramente, com a divulgação da mensagem de Cristo pelo mundo e com a obra cristã perante os mais necessitados, órfãos e viúvas.
O cristão deve cooperar das maneiras que estiverem ao seu alcance, observando o tripé missionário que sustenta a evangelização:
1)  Oração;
2)   Consagração; e
3)    Contribuição
A pretensão é corrigir biblicamente as enormes distorções que hoje existem no que se referem ao dízimo.

II. DÍZIMO E A DEFESA DO EVANGELHO
(As citações bíblicas são da Almeida Corrigida Fiel - ACF, a menos que haja outra indicação no texto)
1. O DÍZIMO É ANTERIOR À LEI, PORTANTO NÃO FOI REVOGADO PELO SACRIFÍCIO DE CRISTO?
Dízimo: “E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14.20).”
“E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo (Gn 28.22).”
Defesa do Evangelho:
O argumento de que o dízimo é anterior à Lei, portanto não foi revogado por Cristo, é comumente usado pelos pregadores do dízimo, para rebater os cristãos que afirmam que o dízimo é da Lei. Realmente, parece um argumento e tanto, bastante robusto, irretorquível. Mas acompanhe passo a passo o raciocínio a seguir:
Os preceitos que se seguem também são anteriores à lei, e foram incorporados a ela, mas nem por isso nos sentimos obrigados a observá-los, e nem somos ensinados a fazê-lo:
a) A distinção entre animal limpo e animal imundo, e a consequente proibição de comer a carne deste último (Gênesis 7, Levítico 11);
b) A circuncisão (Gênesis 17, 21; Josué 5);
c) O sacrifício de animais (Gênesis 15; Êxodo 20, 24; Levítico 1 e seguintes);
d) A consagração dos primogênitos dos homens e dos animais a Deus (Êxodo 13, Números 3);
e) O levirato (Gênesis 38, Deuteronômio 25);
f) A celebração anual da páscoa (Êxodo 12, 23; Josué 5);
g) A guarda do sábado (Gênesis 2; Êxodo 16, 20, 23).
Na Bíblia, existem apenas duas ocorrências da palavra “dízimo” antes da instituição da Lei, por Moisés. A primeira sobre o ato de Abraão ante o misterioso Melquisedeque (Gn 14.20) e a segunda sobre os votos realizados por Jacó (Gn 28.22).
Em ambos acontecimentos, não há registro de que tenha havido ordenanças para que se dizimassem. Especificamente nesses casos, os dízimos foram oferecidos de forma voluntária, espontânea, ou por voto, em retribuição e agradecimento, honra e glória ao Senhor Deus, pelas bênçãos já recebidas e pelas vitórias já conquistadas.
Assim sendo, hoje não se pode tomar como exemplo os dízimos de Abraão e Jacó, como fundamento para implantá-los como regra geral de doutrina na igreja, com o propósito de receber bênçãos e salvação.
Sobre o caso de Abraão são necessárias, ainda, as seguintes considerações:
a)  Não temos muito registro sobre a atividade de Melquisedeque, a não ser nesta ocasião, e, principalmente, não temos a destinação dada ao dízimo que recebeu de Abraão;
b) O dízimo de Abraão foi oferecido de maneira voluntária, e não imposta por Melquisedeque ou por qualquer outra norma vigente;
c) Abraão só dizimou esta única vez, e não periodicamente;
d) Abraão estava retornando de uma batalha para libertar o seu sobrinho Ló, e deu o dízimo dos despojos, ou seja, do que havia saqueado dos reis derrotados, segundo esclarece Hb 7.4: “Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos”. Portanto, não deu o dízimo dos seus bens e riquezas, do seu “tudo” absoluto, e sim, do seu novo “tudo”. Abraão recebera, anteriormente, muitos presentes do faraó do Egito: “E fez bem a Abrão por amor dela; e ele teve ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos (Gn 12.16)”. O registro bíblico é enfático e claro: “E era Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro (Gn 13.2)”. Portanto, à luz do próprio texto e de Hebreus 7, nesse “tudo” não estavam incluídos as dízimas da terra, tanto do grão do campo, como do fruto das árvores (Lv 27), nem os bens particulares de Abraão: seu gado, seu ouro e prata, mas somente os despojos, ou seja, os bens que eles tinham tomado dos inimigos derrotados.
Já sobre o caso de Jacó, em Gn 28.22, trata-se de um voto de dizimar tudo o que Deus colocasse em suas mãos, é tão-somente uma promessa de Jacó, feita ao Senhor, e nada mais do que isso. Não encontramos registro nenhum sobre o cumprimento desta promessa na vida de Jacó.

2. O DÍZIMO NA LEI ERA APENAS PARA O SUSTENTO SACERDOTAL?
Dízimo: Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR (Lv 27.30)”.
“E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação (Lv 18.21)”.
Defesa do Evangelho: Adentrando ao período da instituição da Lei por Moisés, a primeira ocorrência se dá em Lv 27.30-32, porém sem regulamentar como se daria ou se processaria essa doação;
Com a parte do dízimo que cabia aos levitas, era para eles fazerem todo o trabalho da tenda da congregação, sendo vedado aos demais habitantes de Israel qualquer tipo de obra, podendo ser penalizados caso desobedecessem esta norma:
E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão (Nm 18.21-23).
Hoje os membros leigos fazem mais de 90% do trabalho e os pastores recebem todo o dízimo. As regras para os dízimos, caso sejam aceitas, devem ser integralmente.
Lendo Nm 18.21-31 isoladamente, o que sempre traz problemas na interpretação de textos, ficamos com a impressão equivocada de que os dízimos são o salário dos levitas. O tema só seria esclarecido em Dt 12.6-19, tornando-se num fio condutor de toda a cadeia temática sobre dízimo. O primeiro beneficiário direto seria o próprio dizimista e sua própria família:
E ali comereis perante o SENHOR vosso Deus, e vos alegrareis em tudo em que puserdes a vossa mão, vós e as vossas casas (grifo nosso), no que abençoar o SENHOR vosso Deus (Dt 12.7).
Ainda no mesmo texto são indicados mais beneficiários dos sacrifícios, ofertas, votos e dízimos:
E vos alegrareis perante o SENHOR vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita (grifo nosso) que está dentro das vossas portas; pois convosco não tem parte nem herança (Dt 12.12).
O mesmo é repetido no versículo 18, indicando os mesmos beneficiários dos recursos do dízimo do povo:
Mas os comerás perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher o SENHOR teu Deus, tu, e teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita (grifo nosso) que está dentro das tuas portas; e perante o SENHOR teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão (Dt 12.18).
O indivíduo que traz o dízimo é o mesmo que desfruta daquilo que é trazido. Ele traz ao Senhor, no sentido de obedecer ao mandamento, mas se beneficia materialmente da questão. O Senhor se alegra com a obediência dos seus servos e estes das bênçãos de uma refeição coletiva na presença de Deus.
No mesmo contexto, quando novamente o tema do dízimo entra em questão, Dt 14.22-29 introduz um novo modelo de entregar os dízimos: o dízimo anual (v.22) e outro a cada três anos (v.28). Novamente os beneficiários dos recursos são aqueles que trazem os bens para serem comidos perante o SENHOR teu Deus” (vv. 23 e 26).
O ponto alto deste texto sobre o dízimo é a inclusão de três grupos de pessoas que são beneficiadas com os dízimos. Pessoas que passariam a ser o objetivo principal da distribuição do dízimo a partir deste ponto das Escrituras até o seu desfecho no Novo Testamento:
Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva (grifos nossos), que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem (Dt 14.28,29).
Estas classes de pessoas passariam a não ser mais esquecidas no contexto da Lei, desfrutando, inclusive, das festas judaicas que seriam comemoradas a partir dali:
E te alegrarás perante o SENHOR teu Deus, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão no meio de ti (Dt 16.11). E, na tua festa, alegrar-te-ás, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas (grifos nossos - Dt 16.14).
Os israelitas deveriam trazer o dízimo ao sacerdote e declarar que assim faziam como gratidão pelo livramento do jugo egípcio e bênção na nova terra (Dt 26.8), e o destino desse dízimo, mais uma vez está registrado no contexto:
Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas (grifo nosso), e se fartem (Dt 26.12).
A clara intenção do Senhor era prover recursos para todos os que não tinham condições de manter o mesmo nível econômico que os judeus proprietários de térreas e bens de natureza econômica, sendo alcançados pelos cuidados do Senhor por meio da instituição do dízimo, promovendo a justiça social entre as classes.
Outro detalhe interessante que precisamos lembrar: quando o dízimo foi instituído pela lei (Nm 18.20-24) com a finalidade de, também, manter os filhos de Levi que administravam o ministério nas tendas das congregações, o Senhor declarou que os filhos de Levi não teriam nenhuma herança no meio dos filhos de Israel.
“Disse também o SENHOR a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel. E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. (...) Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão” (Nm 18.20-24).
Hoje, querem manter a instituição do dízimo com imposição para a igreja no tempo da graça, mas a situação está ao contrário da Palavra, vivendo com abundância de bens.

3. O DÍZIMO NO PERÍODO DOS REIS DE ISRAEL E JUDÁ
Dízimo: E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram muitas primícias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo o produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância (2Cr 31.5)”.
Defesa do Evangelho: Após o estabelecimento dos judeus na nova terra, muitos dos antigos preceitos foram acomodados e esquecidos. Reivindicaram um rei que os governasse, a exemplo das nações vizinhas. Deus ouviu o clamor do seu povo, e teve que implantar algumas mudanças não previstas pela lei, divulgadas ao povo através do profeta Samuel (1Sm 8.10-17). Dentre estas, a seguinte: “E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais, e aos seus servos (grifo nosso)” (1Sm 8.15). Isto é, seria cobrado o dízimo, como uma espécie de imposto para manutenção de parte da máquina real.
Os recursos do dízimo que tinham um caráter social, em favor dos desfavorecidos, passaram a ter um caráter fiscal, em favor da corte real, da máquina política e militar.
O rei Ezequias destacou-se ao propor uma reforma religiosa e moral em seu governo. Ordenou que se buscasse o livro da Lei e se restaurasse o culto conforme ali estava prescrito (2Cr 29 - 31). Porém, o texto narra o seguinte:
E Azarias, o sumo sacerdote da casa de Zadoque, lhe respondeu, dizendo: Desde que se começou a trazer estas ofertas à casa do SENHOR, temos comido e temos fartado, e ainda sobejou em abundância; porque o SENHOR abençoou ao seu povo, e sobejou esta abastança. Então ordenou Ezequias que se preparassem câmaras na casa do SENHOR, e as prepararam. Ali recolheram fielmente as ofertas, e os dízimos, e as coisas consagradas; e tinham cargo disto Conanias, o levita principal, e Simei, seu irmão, o segundo (2Cr 31.10-12).
Apesar da boa intenção de Ezequias, em momento algum, nessa história, ficamos sabendo se foi tomada alguma medida para resgatar o propósito original da lei para o ato de dizimar no templo.
Uma das coisas mais destrutivas que a prosperidade faz é nos distanciar da pobreza de forma que já não vemos a dor daqueles que a enfrentam.

4. O DÍZIMO NO PERÍODO PÓS-CATIVEIRO
Dízimo: Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do mosto e do azeite aos celeiros” (Ne 13.12).
Defesa do Evangelho: Passados os anos, quando os israelitas estiveram no cativeiro babilônico, um grande grupo, liderado por Neemias, retornou à Jerusalém com o propósito de restaurar os muros, o templo, enfim, a cidade.
Neemias, assim como ocorrera com o rei Ezequias, cometeu o erro de sequer mencionar os órfãos e as viúvas. Aquilo que o povo trouxera como dízimo foi rateado entre a liderança religiosa de Israel.
E por tesoureiros pus sobre os celeiros a Selemias, o sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a eles a distribuição para seus irmãos (Ne 13.13).
Os “seus irmãos” são os seus colegas de ministério. Temos, assim, a continuidade do desvio da finalidade do dízimo trazido ao templo. O foco da atenção passa a ser, cada vez menos, as questões sociais e gestos de gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas.
Essa forma de administrar o dízimo passaria a ser uma realidade por séculos, até os dias de hoje. Com o retorno do cativeiro e a adoção da nova prática,, os israelitas seguirão o novo costume até que o Senhor levante um profeta que confronte o povo, que diga palavras duras contra o novo modelo. Até lá. Um desequilíbrio econômico e social seguirá a nação e provocará uma conjuntura jamais vista entre o povo de Deus.

5. TRAZEI TODOS OS DÍZIMOS À CASA DO TESOURO?
Dízimo: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes” (Ml 3.8-10).
Defesa do Evangelho: Esse é o texto mais reproduzido, citado e decorado quando o assunto é dízimo. Mas é preciso, como sempre na interpretação dos textos, considerar o contexto bíblico se quisermos obter uma interpretação honesta da Palavra de Deus.
Deus, através do profeta Malaquias, já havia denunciado o povo e os sacerdotes por sua ingratidão (1.1-5); os sacerdotes já haviam sido denunciados pela sua profanação, sacrilégios e um espírito mercenário (1.6-14), pelo que foram duramente advertidos por Malaquias (2.1-9), que expôs as consequências que as suas atitudes trouxeram para a sociedade (2.10-16). Ou seja, o povo tinha mudado diante de um Deus imutável (3.6). As suas ofertas continuavam desagradáveis a Deus, e isso Deus queria mudar. Por que as ofertas de Israel eram desagradáveis a Deus?
E a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos. E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro (grifo nosso) e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ml 3.4,5).
Centenas de anos depois de proclamada a Lei de Moisés, o princípio que rege a movimentação dos dízimos e ofertas é o mesmo: trabalhadores, órfãos, viúvas e estrangeiros. Todas essas classes são citadas no texto de Malaquias, escritos centenas de anos após o texto de Moisés. É este versículo que dá o contexto imediato de Malaquias 3.10. É a justiça social de que Jesus trata quatrocentos anos depois em Mateus 23.23, outro texto muito usado fora do seu contexto, sobre o dízimo:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas (Mt 23.23).
A opressão social, o descaso com os desfavorecidos, a ganância da liderança religiosa, do povo mesquinho e desobediente a Deus, tudo isso deve ser considerado quando citamos o texto de Malaquias atualmente. Nada do que está contido nos três capítulos iniciais do pequeno livro do profeta deve ser descartado, pois, se assim for, estaremos sendo igualmente infiéis, parciais no ensino da Palavra, da mesma forma que o profeta acusou os sacerdotes:
Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas (grifos nossos) na lei (Ml 2.8,9).
Claro está mais uma vez, que o mantimento está em foco, pois, basicamente, o que se depositava nesse compartimento do templo eram as primícias do campo, cereais, trigo, vinho novo e azeite. A preocupação do Senhor não é colocar em dia o salário atrasado dos sacerdotes e levitas, mas ao contrário, eles próprios são acusados de corrupção e de não se preocuparem com os pobre, de desviarem e e apropriarem indevidamente desses recursos: estão roubando!
Israel e região passavam por um período de fome, por isso a promessa de abundância feita pelo Senhor, como o Deus que provê e faz prodígios em Israel, diante da fidelidade do seu povo, ao contrário dos deuses das nações vizinhas que não tinham como alimentar e sustentar o seu povo.
A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27).
O texto de Malaquias 3.10 inicia: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro”. Quem deveria trazer os dízimos à casa do tesouro? Neemias esclarece:
E que o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro (Ne 10.38).
Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali (Ne 12.44).
O que se trazia para a casa (câmara) do “tesouro”?
Porque àquelas câmaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas alçadas do grão, do mosto e do azeite; porquanto ali estão os vasos do santuário, como também os sacerdotes que ministram, os porteiros e os cantores; e que assim não desampararíamos a casa do nosso Deus (Nm 10.39).
E quanto ao termo “abrir as janelas do céus”, o que significa?
No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites (Gn 7.11,12).
Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se (Gn 8.2).
E o que vem a ser o terrível “devorador”, que tem sido usado como instrumento de terrorismo em muitas igrejas?
Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie (Lv 11.22).
O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta, o pulgão o comeu (Jl 1.4).

6. O DÍZIMO DO ANTIGO TESTAMENTO PODE SER TRANSFORMADO EM DINHEIRO HOJE?
O dízimo sempre foi apenas alimento do campo, vegetal ou animal:
Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR (Lv 27.30-32).
Mesmo quando havia metais preciosos como moeda corrente. Abraão, na sua época, comprou uma sepultura para sua esposa por 400 ciclos de prata (Gn 23.16). Também, anterior à Lei, ainda no Gênesis, José foi vendido por seus irmãos por 20 moedas de prata. O dízimo, SEMPRE foi entregue em alimentos.
Quando o lugar da entrega dos dízimos era muito distante, e o volume dos bens era muito grande para o transporte, o dizimista tinha o direito de vender todos os seus dízimos na sua terra de origem, viajar para o lugar determinado para o pagamento dos dízimos e lá comprar os alimentos novamente para entregá-los como dízimo (Dt 12.17-18; 14.24-27).
E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; e aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa (Dt 14.24-26).
Nota-se que os dízimos nunca eram pagos em dinheiro e que o próprio dizimista participava do consumo de seus dízimos. O Senhor estipulava o lugar, entre as tribos de Israel, para ali habitar o seu Nome e pagarem os seus dízimos e somente ali o dizimista poderia cumprir sua obrigação, pois a finalidade dos dízimos era para que o israelita aprendesse a temer ao SENHOR para sempre (Dt 14.23).

7. JESUS ENSINOU A IGREJA A DIZIMAR?
Dízimo: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo [justiça], a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas” (Mt 23.23).
Defesa do Evangelho: Essa é a única ocorrência explícita sobre dízimo nas palavras de Jesus, com as quais Ele censura os fariseus pela sua hipocrisia, pois eram meticulosos na hora de dizimar, observando até as menores porções de tempero colhidos no campo, mas fechavam os olhos para a pobreza e os desajustes sociais.
É incrível a habilidade de muitos pregadores para se tirar versículos do contexto, o que fatalmente redunda em heresia. Porque se pretendem obedecer o que Jesus mandou fazer neste versículo, devem obedecer o capítulo inteiro. Por que não observam o versículo 3, que está dentro do contexto?
Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as (grifo nosso); mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem (Mt 23.3).
Hoje, ninguém quer observar e fazer o que os fariseus diziam, pois viviam sob a Lei de Moisés e o fardo de leis e normas extras que impunham era muito pesado para qualquer humano, chegando a mais de 613 regras. O prof. John D. Davis, em seu comentário bíblico confirma:
Josefo, que também era fariseu, diz que eles [os fariseus], não somente aceitavam a Lei de Moisés, interpretando-a com muita perícia, como também haviam ensinado ao povo mais práticas de seus antecessores, que estavam escritas na lei de Moisés, e que eram as interpretações tradicionais dos antigos (DAVIS, 2011).
Assim como foi Jesus quem falou em Mt 23.23, também foi Jesus quem disse para obedecermos os fariseus em Mt 23.3. Por que querem impor uma coisa e outra não? Trata-se de uma exegese desonesta.
O que acontece, é que Jesus era um judeu, nascido sob a Lei de Moisés (Gl 4.4). Portanto, viveu sob a tutela da Lei, com a responsabilidade de cumprir a lei na íntegra, até a sua morte ser consumada:
Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido (Mt 5.17,18).
E verdadeiramente Ele cumpriu a Lei, entre outras formalidades cerimoniais:
a) Jesus foi circuncidado ao oitavo dia, foi apresentado na sinagoga (Lc 2.21-24; Lv 12.3);
b)  assumiu o seu sacerdócio aos trinta anos, idade mínima permitida para o ministério (Lc 3.23, Nm 4.43,47);
c)  curou o leproso e depois o mandou apresentar ao Sacerdote a oferta que Moisés ordenou (Mt 8.4, Lv 14.1...). Jesus ordena a apresentação de um sacrifício de animal ao que havia sido curado de lepra. É necessário que façamos isto hoje? Evidentemente que não. Da mesma forma, quando, em Mt 23.23, Jesus ordena aos fariseus que dessem o dízimo dos temperos, devemos entender que eles estavam debaixo da mesma aliança mosaica que obrigou o leproso a cumprir o ritual de Levítico 14.
d)  Em Lucas 19.8 Zaqueu se submete duplamente à pena estabelecida em Êxodo 22.9, sob a aprovação explícita de Jesus;
e)  Em Mateus 26.17 Jesus e os discípulos cumprem o requerido em Êxodo 12.1-27.
Sobre o item (c), vale a ênfase sobre o fato de que Jesus mandou fazer um sacrifício ordenado por Moisés:
Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou (grifo nosso), para lhes servir de testemunho (Mt 8.4).
Jesus não disse para não dizimarem porque o dízimo ainda vigorava. Mas já estava sendo entregue por puro formalismo e religiosidade, como hoje. A essência do ensinamento não estava sendo observada pelos escribas e fariseus, daí serem hipócritas. Notem também que Jesus refere-se a ervas usadas como tempero: alimentos. O dízimo sempre foi alimento na lei. Para a Igreja, Jesus não deu este mandamento de dizimar.
Porém, quando Cristo rendeu o seu espírito a Deus (Mt 27.50,51), quando o véu do templo rasgou-se de alto a baixo, então passamos a viver pela graça do Senhor Jesus, encerrando-se ali, toda ordenança da lei de Moisés, sendo introduzido o Novo Testamento, o Evangelho da salvação do Senhor Jesus Cristo. Um testamento só começa a valer após a morte do seu testador.
Antes do sangue de Jesus Cristo ser derramado na cruz, o pacto vigente era o Antigo Testamento. Jesus em seu ministério antes da cruz, mostrou ao povo a necessidade de um melhor pacto com Deus. Demonstrou ao jovem rico que guardar a lei não o aperfeiçoou espiritualmente; demonstrou aos fariseus e escribas que dizimar não os aperfeiçoou espiritualmente; demonstrou às autoridades religiosas a sua cegueira espiritual.
Cumprir uma tarefa significa concluir uma tarefa. A Lei foi cumprida por Cristo. A Lei apontava para Cristo, serviu de aio (condutor) até o Messias. Chegado o Messias, a lei já não tem mais função. Mas o Novo Testamento só pôde ter início com a morte de Jesus Cristo na cruz.
“E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado” (Mc 14.24).
Cristo não veio a ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança, Ele disse: “um novo mandamento vos dou” (Jo 13.34) e, se a justiça provem da lei, segue-se que Cristo morreu em vão (Gl 2.21).
Jesus, ainda referiu-se uma segunda vez sobre o dízimo. O fato se deu quando proferiu a parábola do Fariseu e do Publicano (Lc 18.9-14):
Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado (Lc 18.10-14).
Isso acontece hoje exatamente da mesma forma, muitos ainda exaltam-se dizendo-se dizimista fiel, mas omitem o mais importante: o amor a Deus e, o que mais ocorre, ao próximo, esquecendo-se de que o dízimo deve também ter como alvos os órfãos e as viúvas:
O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes (Mc 12.29-31).

8. A EPÍSTOLA AOS HEBREUS HOMOLOGA O DÍZIMO PARA O NOVO TESTAMENTO?
Dízimo: A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; (...) Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. (...) E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos” (Hb 7.2,4-6,9).
Defesa do Evangelho: Embora a repetição do fato de Abraão ter dizimado a Melquisedeque seja notória, aqui também o ensino central não é sobre o dízimo, mas sobre a autoridade sacerdotal de Melquisedeque sobre Abraão, ou sobre o próprio sacerdote Arão, tendo o dízimo como aferidor de autoridade. Dessa forma, o texto irá desembocar na autoridade de Jesus, sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e não segundo a ordem de Arão. O tema da passagem é este: o sacerdócio de Jesus é superior ao sacerdócio instituído pela Lei, e o dízimo entra apenas como referência, como elemento que mediu a autoridade daquele que recebe em relação ao que o oferece:
Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos (Hb 7.4).
Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior (Hb 7.6,7).
O texto endossa, inclusive, o fato de que o dízimo era parte integrante da Lei e não das recomendações aos cristãos:
E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão (Hb 7.5).
Melquisedeque era, dentro da tipologia bíblica, um tipo, uma sombra de Cristo. E com Jesus extinguindo o sacerdócio araônico (levítico) e assumindo eternamente o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, haveria, necessariamente, mudança da lei:
De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei Hb 7.11,12).
Tomar o texto de Hebreus 7 para ensinar sobre o dízimo no Novo Testamento seria um atentado contra o texto e contra todas as regras de interpretação. Não podemos colocar nos textos o sentido forçado como alguns pregadores o fazem.

9. PAULO E OS DEMAIS APÓSTOLOS ENSINARAM SOBRE DÍZIMO?
Dízimo: Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar” (1Co 16.1,2).
Defesa do Evangelho: Sequer existe a palavra dízimo nas cartas de Paulo como também nas epístolas dos demais apóstolos.
A igreja não está debaixo do regime da Lei  para ser obrigada a dar “todos os dízimos”. A Lei de Moisés, com seus 613 mandamentos, não está mais em vigor como método de governo que a Igreja deve impor a cada um de seus membros (Ef 2.13-15; Rm 10.4; Hb 8.13) (…) Nelas [epístolas] não há nenhuma ordem para dar dízimos. Toda a lei de Moisés que incluía os seus dízimos ficou inoperante e sem valor com a morte de Cristo que dela nos resgatou (Gl 3.11-14; 4.3-7). Os crentes hoje são ensinados a dar sem a imposição de qualquer porcentual (CORRÊA, 2011, p.154).

Essa passagem (1Co 16.1,2) é a que mais se aproxima do assunto, porém, trata apenas de uma coleta de ofertas realizada semanalmente de acordo com a prosperidade material de cada cristão.
Mas, de qual seria a porcentagem ou o valor dessas ofertas. Paulo esclarece, na segunda epístola aos mesmos destinatários, os Coríntios:
Cada um contribua segundo propôs no seu coração (grifo nosso); não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria (2Co 9.7).

Não existe nas cartas de Paulo, uma oportunidade melhor para ensinar a igreja sobre o dízimo, do que 2Coríntios, capítulo 8. Esta é a passagem que fala mais claramente sobre o sustento dos santos, mas ele prefere falar da voluntariedade:
Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente (2Co 8.3).

Não há um ensino claro e sistemático sobre o assunto no Novo Testamento. Claro está que havia pobreza na Judeia, em Jerusalém; havia necessitados na igreja dos apóstolos; certamente a pobreza estava presente em toda a sociedade, não só entre os cristãos e, por último, que todos os cristãos que podiam, ofertavam generosa e alegremente com o intuito de amenizar e miniminar a pobreza dos irmãos (PAGANELLI, 2011, pp.68,69).

10. OFERTA, MESMO ABUNDANTE, NÃO SUBSTITUI O DÍZIMO?
Dízimo: Dar ofertas voluntárias (mesmo abundantemente) não é o mesmo que dar o dízimo. Quem não dá o dízimo será amaldiçoado e está perdido.”
Defesa do Evangelho: Conforme analisado, a prática atual para a igreja cristã é a de ofertar, não existe ordenança na nova aliança para se dizimar:
Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria (2Co 9.7).
Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente (2Co 8.1-3).

Saber pensar, saber crer!
Referências
CERULLO, Morris. A última grande transferência de riquezas. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010.
CORRÊA, David. Malaquias: o mensageiro da adoração corrupta. São Paulo: Holy Bible, 2011.
DAVIS, John. D. Dicionário da Bíblia. 16.ed. JUERP.
PAGANELLI, Magno. Dízimo: o que é e para que serve o dízimo, sua história e função social. São Paulo: Arte Editorial, 2010.
VILAR, Venefredo Barbosa. Dízimo: o engano cavalgando a verdade. 1.ed. 2006.
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