segunda-feira, 30 de abril de 2012

Falsos fundamentos da verdade, por Hélio de Souza

"Foi-me dada uma cana semelhante a uma vara, e foi-me dito: Levanta-te, e mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram" (Ap 11.1).

O único padrão para medirmos a veracidade das coisas divinas continua sendo o mesmo que o Senhor Deus entregou ao homem: a sua infalível Palavra, ou seja, as Sagradas Escrituras. No mundo de hoje, com múltiplas seitas e múltiplas propostas de verdade religiosas, mais do que nunca precisamos nos apoiar nos fundamentos de nossa fé. Caso contrário, seremos arrastados por sutilezas de argumentos que, embora aparentemente racionais, não condizem com as verdades bíblicas. “E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas” (Cl 2.4).

Nem todos param e ponderam o que escutam e por isso se deixam convencer por afirmações ou razões falsas. Além de racional, o homem é um ser emocional e social, portanto influenciável por esses fatores. As pessoas buscam apoio para suas convicções em fontes turvas e se apoiam em alicerces frágeis, envenenando seu espírito e enveredando por caminhos que não pertencem ao Deus vivo.

Dentre os elementos que as pessoas procuram (consciente ou inconscientemente) basear suas crenças, podemos citar:

Quantidade

No monte Carmelo eram oitocentos e cinquenta profetas de Baal e do poste-ídolo contra um único profeta do Senhor, Elias (1Rs 18.19). Não precisamos dizer quem detinha a verdade. Não importa o número de pessoas que creem em certa afirmação, esse fato, no entanto, não torna tal afirmação verdadeira. A quantidade de muçulmanos (cerca de um bilhão) que creem no Alcorão não torna o livro islâmico na verdadeira Palavra de Deus. Julgar uma crença pelo número de adeptos é medi-la com um padrão extremamente falível. Se Colombo assim pensasse, jamais descobriria a América. Nesses casos, os números mentem.

Isso não quer dizer que algo torna-se verdadeiro somente porque são poucos os seus defensores. As pequenas seitas geralmente citam a porta estreita (Mt 7.14) para justificar a perdição de bilhões de pessoas por não aceitarem seus ensinos absurdos, alegando que poucos entram por ela. Não esqueçamos que “pouco” é relativo. Sessenta milhões de crentes na China é relativamente pouco para uma população de um bilhão e duzentos. Todavia, se esse número fosse no continente Europeu seria bastante expressivo.

Portanto, a nossa fé não se apoia na adesão de poucos ou de muitos. O prumo das Escrituras ignora resultados numéricos, embora o mundo moderno ame as estatísticas. Seguir multidões não é sinônimo nem antônimo de seguir a Cristo. Independente de qualquer coisa, a Palavra de Deus continua sendo a Palavra de Deus, “quer ouçam quer deixem de ouvir” (Ez 2.7).

Antiguidade

A antiguidade de uma crença jamais será garantia de sua veracidade. O politeísmo é quase tão velho quanto a humanidade, mas isso não o torna aceitável. Astrólogos e reencarnacionistas gostam de apoiar-se sobre esse fundamento, vangloriando-se de vestígios meso-potâmicos e egípcios de suas práticas. Mas a verdade não vive de múmias. Os antigos podem estar tão errados quantos os modernos. O movimento Nova Era, em sua adoração ao primitivo e ao antigo, não tem restaurado a verdade, mas, sim, ressuscitado o paganismo.

Não devemos menosprezar as tradições como desprovidas de valor, como também não devemos superestimá-las. O catolicismo, ao colocar a tradição em pé de igualdade com a Bíblia, sancionou erros históricos quando deveria extirpá-los com a régua de Deus. O que a Reforma Protestante fez foi apenas começar a aplicar o padrão divino (leia-se Escrituras Sagradas) depois de séculos de desvio doutrinário. “E assim invalidaste o mandamento de Deus pela vossa tradição” (Mt 15.6). Esse tem sido o problema com muitas doutrinas: querem ser mantidas pelo aval dos anos, quando a história ensina que o tempo desgasta e distorce ao invés de edificar.

“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2.8).

Sucesso

Sucesso transformou-se na palavra do momento, capaz de justificar qualquer comportamento e validar qualquer conceito. As pessoas estão dispostas a aceitar qualquer ensino - mesmo o evangelho, se este as levar ao sucesso imediato. Se uma pessoa teve sucesso na vida, então tudo o que ela diz deve ser verdade; mas se alguém não é bem-sucedido, segundo os padrões seculares atuais, então o que ele ensina deve ser descartado em favor de outro ensino melhor. Uma mensagem de “deixa tudo e segue-me” ou “negue-se a si mesmo” soa muito fracassada. Os mártires já não são bem-vistos, e ninguém mais ouve os seus ensinos. Mas qualquer líder religioso hoje que demonstre e prometa prosperidade, felicidade e sucesso é considerado verdadeiro.

Sabemos que a verdade pode tornar alguém bem-sucedido. Mas isto não significa que alguém bem-sucedido pode tornar qualquer coisa verdadeira. Pessoas de sucesso podem estar avançando por caminhos que não pertencem a Deus. Nem toda a fama de Paulo Coelho pode dar validade ao conteúdo de seus livros. Eles não passam de ficção repleta de idéias pagãs que “matam” ao invés de dar vida.

“Pois tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte. Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo! Nós fracos, mas vós sois fortes! Vós sois ilustres, nós desprezíveis. Até esta presente hora sofremos fome, sede, e nudez; recebemos bofetadas, e não temos pousada certa. Afadigamo-nos, trabalhando com nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando somos perseguidos, sofremos; quando somos difamados, consolamos. Até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos” (1Co 4.9-13).

Sinceramente, essa descrição do ministério apostólico está bem longe do conceito moderno de sucesso. Todavia, foi escrita por um dos homens que lançaram os alicerces da Igreja e do evangelho.

Moralidade

A verdade de Deus deve produzir justiça e gerar santidade.Ela não é apenas algo para armazenarmos mentalmente. Temos de “andar na verdade” (3Jo 3.4), e não simplesmente conhecê-la. Nosso procedimento comprova a nossa fé.

Por outro lado, é perigoso colocar o comportamento como fundamento da verdade. As boas obras impressionam de tal forma que muitos pressupõem que se alguém prega e faz bem ao próximo então seu ensino deve definitivamente ser verdadeiro. Na verdade, as boas obras devem ser estimuladas e praticadas, mas elas não confirmam qualquer doutrina. O espiritismo, por um lado, exalta a caridade e, por isso, conquista o respeito da opinião pública. Por outro lado, no entanto, fomenta a consulta e incorporação dos chamados “espíritos de luz”, levando muitos ao pecado e à influência satânica. Suas boas obras, porém, não podem justificar seus erros.

O apóstolo Paulo muitas vezes defrontou-se com homens que por um lado apresentavam aparência de justiça mas, por outro, sustentavam ensinos contrários ao evangelho. Certas ocasiões, os discípulos de Paulo ficavam perplexos, mas tinham de concordar com ele quando a situação exigia que alguns homens que aparentemente viviam uma vida justa precisavam ser condenados. Em uma dessas ocasiões a resposta do apóstolo aos seus discípulos foi: “E não é de admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transformem em ministros da justiça. O fim deles será conforme as suas obras” (2Co 11.14.15).

Todos os que servem a Deus devem ser justos, mas nem todos aqueles que possuem aparência de justiça servem a Deus. O amor não é equivalente à verdade, embora os dois tenham de andar juntos.

Beleza

Hoje, o mundo procura um Deus estético, e não um Deus ético. Todos querem uma religião de aparência, que pareça bonita, sem se importar se ela é verdadeira ou não. Trocam facilmente o conteúdo pela forma. Os muçulmanos gostam de dizer que uma das provas da inspiração do Alcorão é a sua beleza. Que eles nos perdoem, mas se esse fosse o caso, a Bíblia ganharia de longe. O poeta libanês Kalil Gibran orou a Deus e disse: “Dizer a tua verdade, envolta em tua beleza”. Não podemos negar a beleza de seus versos, mas também não podemos considerá-los infalíveis. Só as Escrituras são infalíveis, mesmo quando não são belas.

Nem tudo o que é belo é necessariamente bom e verdadeiro. Nem tudo o que é verdadeiro tem de ser necessariamente belo, mas com certeza é bom. Não podemos esquecer que aquele que é a Verdade, quando esteve entre nós, “não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos... Como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum” (Is 53.2,3). Se buscarmos somente a beleza por certo a encontraremos em muitos lugares. Mas se buscamos a verdade só a encontraremos na Palavra de Deus.

Um belo hino, uma pregação eloquente e um texto bem-escrito podem facilmente conter inverdades que serão aceitas por causa de sua beleza. Pior que um veneno, é um veneno gostoso, perfumado e bem-embalado. Isso é típico de Satanás. Diz a Bíblia sobre ele: “...corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ez 28.17). Não podemos nos esquecer: o pai da mentira é um belo ser.

Agradabilidade

Ninguém se tornará popular pregando a doutrina do inferno. Ela não agrada aos ouvidos. Os que rejeitam a idéia de um inferno de fogo, onde os ímpios passarão a eternidade, não a rejeitam por não ser bíblica, mas por sua dureza. Da mesma sorte, os que a pregam não o fazem com um senso de prazer, mas de fidelidade às Escrituras. A verdade nem sempre é totalmente doce. “Fui, pois, ao anjo, e lhe pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o, e come-o. Ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel” (Ap 10.9).

As pessoas têm a tendência de “adocicar” a mensagem que pregam para não repelir os ouvintes, e fazem isso extraindo de seu conteúdo elementos que possam causar algum desconforto. É uma atitude perigosa, e pode comprometer tanto o que ensina quanto o que ouve. “Duro é este discurso. Quem poderá ouvi-lo?” (Jo 6.60). O rico foi embora porque Jesus não quis suprimir as exigências da salvação (Mc 10.21.22). Não que a verdade seja um monte de espinhos ou que tem por obrigação incomodar as pessoas. Mas apegar-se a um ensino somente porque ele traz conforto e nenhuma repreensão é correr grave risco.

Deus é bom e justo. Abraçar sua bondade e rejeitar sua justiça tem sido a atitude de muitos. Um Deus que julga, condena e castiga o pecado tem-se tornado cada vez mais impopular. A LBV chega ao ponto de interceder por Lúcifer para que ele seja salvo e o universalismo prega a salvação de todos os homens. São colocações agradáveis em termos de religião, mas não são verdadeiras, portanto não salvam.

Erudição

As palavras erudição e verdade não são sinônimas. Porque alguém sabe muito, não significa que saiba a verdade. É muito fácil se impressionar com a cultura de uma pessoa e achar que pelo seu grande conhecimento ela deve estar certa em suas afirmações. Em se tratando das coisas de Deus, a cultura pode ser irrelevante. É claro que muitos dos escritores inspirados da Bíblia apresentavam cultura e erudição, mas não foram essas coisas que confirmaram a Palavra de Deus como padrão. Ao lermos as epístolas de Paulo, não é a erudição do autor humano que importa, mas a inspiração do Autor divino. “Os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” (1C o 1.22). Sócrates, Platão e Aristóteles tiveram sua importância histórica, mas não foi por eles que a verdade de Deus se estabeleceu. Nesse aspecto, o iletrado Pedro foi instrumento de Deus para proclamar a verdade inspirada.
Homens como Marx, Engels e Nietzsche foram filósofos de conhecimento e profundidade extraordinários. Mas seus ensinos se mostraram falsos e destrutivos ao longo da história. Até o pensamento científico, visto como árbitro de todas as afirmações, já defendeu enormes absurdos. Não rejeitamos a ciência, mas também não podemos tomá-la por infalível. Só Deus é infalível. Somente a sua Palavra determina o que é certo e o que é errado, o que é falso e o que é veraz: “Disto também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina...” (1Co 2.13).

Convicção

É mais comum do que se pensa errar com convicção. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte” (Pv 14.12 ). Alguém pode pregar e ensinar o erro com mais entusiasmo do que aqueles que ensinam a verdade. Uma crença não é verdadeira somente porque seus seguidores se dispõem a morrer por ela. O martírio pode honrar a verdade, mas jamais pode tornar verdadeiro aquilo que é falso. Sem dúvida, Hitler estava totalmente convencido das ideias loucas do nazismo e as proclamou com tamanha convicção que conseguiu influenciar uma nação inteira. Esse fato, porém, não tornou (e não torna) a doutrina nazista veraz.

Principalmente quando no meio de uma massa, o ser humano tende a ser sugestionado pelos sentimentos e começa então a reagir como o grupo. Qualquer pessoa que proclame algo com insistência pode influenciar outras a aceitarem coisas que não são verdadeiras. Em Atos 17.10.11, aconteceu algo interessante. Os irmãos da cidade de Bereia, para onde Paulo e Silas foram enviados, receberam de bom grado a pregação desses dois homens de Deus, mas não deixaram de examinar nas Escrituras para ver se o que falavam era de fato verdadeiro: “Ora, estes foram mais nobres do que os de Tessalônica, pois de bom grado receberam a palavra, examinando a cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim”.

“À lei e ao testemunho”

Não rejeitamos a popularidade, a tradição, o sucesso, a moralidade, a beleza, os benefícios, a erudição e a convicção resultantes da verdade. Mas não podemos considerar essas coisas um padrão para a nossa fé. Cremos na Palavra de Deus como única norma. A importância em excesso conferida a outras coisas tem afastado muitos do Caminho. E o pior: tem lhes causado um sentimento de segurança e satisfação que os impede de ver a verdade.

Temos de conhecer os verdadeiros fundamentos da nossa fé e esperança, e sobre esses fundamentos construir os alicerces de nossa existência.

“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Is 8.20).
 Fonte: ICP

domingo, 29 de abril de 2012

14 razões porque o apóstolo Paulo morreu pobre, por Renato Vargens

À luz dos ensinamentos dos teólogos da prosperidade que afirmam que o servo de Deus tem que ser rico, descobri os verdadeiros motivos que levaram o Apóstolo Paulo a morrer na pobreza.

Infelizmente o Apóstolo de Cristo aos gentios, não entendeu as “revelações bíblicas” cometendo erros gravíssimos como:

1º- Não decretar a bênção da vitória na sua vida.

2º- Não amarrar o principado da miséria.

3º- Não quebrar as maldições hereditárias provenientes de seus antepassados.

4º- Não entender a visão da multiplicação do movimento G12.

5º- Não receber a revelação do DNA da honra de Deus.

6º- Não possuir as unções do riso, do leão, da águia, do vômito etc.

7º- Não tomar posse da bênção.

8º- Não semear as sementes da prosperidade.

9º- Não ter sido  promovido a "paipostólo"

10º- Não ter trocado de anjo da guarda.

11º- Não ter elaborado nenhum mapeamento de batalha espiritual.

12º- Não ter recebido revelações do inferno.

13º- Não ter emitido nenhum ato profético.

14º- Não ter desenvolvido o hábito de orar em montes.

Segundo a ótica dos teólogos da prosperidade, Paulo foi um fracassado, um pastor incompetente que não soube desfrutar das bênçãos de Deus. Triste isso não?
Isto posto, resta-nos rogar a Deus pedindo misericórdia, como também que livre a sua igreja desta doutrina antibíblica e anticristã.

As raízes do neopentecostalismo brasileiro, por Johnny Bernardo


Em maio de 2010 surgiu a mais nova denominação neopentecostal brasileira: a Igreja Mundial Renovada. Também conhecida como Igreja Renovada da Fé em Jesus Cristo, a IMR surgiu um mês após a saída do Bispo Roberto Damásio da Igreja Mundial do Poder de Deus. Membro da cúpula da IMPD (à época, terceiro no poder após o Bispo Josivaldo Batista), Roberto Damásio anunciou a sua saída no dia 20 de abril, sem revelar os reais motivos. No mês seguinte, a IMR estreia seu primeiro programa na NGT. Passados quase dois anos (completará no próximo mês, 29), a Igreja Mundial Renovada já possui diversas filiais pelo Brasil e chegou à África. Sua presença nos meios de comunicação continua ativa e em fase de crescimento, com participação nas tardes e madrugadas da Rede TV, além de diversos programas radiofônicos.

O rápido crescimento da IMR e de outras denominações neopentecostais se explica em parte pela ofensiva de sua liderança e pelo espírito mercantilista que caracteriza suas atividades. O poder da comunicação e a ênfase nas campanhas de cura e libertação são características comuns do Neopentecostalismo. Quando falamos por Neopentecostalismo, estamos nos referindo aos grupos cuja origem remonta aos movimentos de confissão positiva dos EUA, através de líderes como Essek William Kenyon e Kenneth Hagin. No Brasil, apesar de estabelecida a década de 70 como o período em que começa a se desenvolver o que Paul Freston chama de “terceira onda pentecostal”, o Neopentecostalismo surge a partir de um conjunto de elementos característicos da “segunda onda pentecostal”, como o uso da mídia audiovisual na difusão doutrinária, o liberalismo, o combate às religiões de possessão e as campanhas de prosperidade.

A Igreja do Evangelho Quadrangular e a Igreja Cristã de Nova Vida foram os celeiros de onde o atual movimento neopentecostal surgiu e se estruturou. Harold William e Raymond Boatrigtht, atores e missionários enviados ao Brasil pela Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular, romperam com o tradicionalismo pentecostal brasileiro ao introduzir no país o pentecostalismo de costumes liberais. Começando por São João da Boa Vista (SP), em 1951, a IIEQ alcançou a capital do Estado em 1954, daí se espalhando por todo o país. À IIEQ se aliaram diversos lideres e membros das igrejas pentecostais e das igrejas históricas, atraídos pela mensagem de cura divina, propagadas a partir de São Paulo e tendo como ponto de apoio os programas radiofônicos.

Do Canadá, veio o Bispo Walter Robert MacAlister, que, a convite da IEQ, pregou no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil, atraindo um grande número de seguidores. Depois de passar pelas Filipinas, Taiwan, Hong Kong e Paris, MacAlister decidiu se estabelecer no Brasil, morando primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Era o ano de 1959 quando MacAlister, sua esposa e filhos decidem se mudar para o Brasil. Dos filhos do casal (eles tiveram dois), Walter Robert MacAlister Jr. sucederia o pai na direção da Igreja Cristã de Nova Vida, algumas décadas depois. Estabelecido no bairro do Bonsucesso, em 1964, o primeiro templo da ICNV serviu de base para a inauguração, em 1971, do templo sede em Botafogo. A existência da ICNV está associada às campanhas de cura e libertação, promovidas pelo Bispo MacAlister, primeiro na Rádio Copacabana, em 1960, e depois com o programa Coisas da Vida, na extinta TV Tupi, a partir de 1978. No começo da década de 80, MacAlister abdica da pregação televisiva ao afirmar que a “televisão cria monstros” – talvez em referência ao Bispo Edir Macedo, que, à época, dava seus primeiros passos na telinha, em um programa intitulado “O Despertar da Fé”, também veiculado pela TV Tupi, canal 6.

O pai do neopentecostalismo brasileiro 

Natural do Rio de Janeiro, Edir Macedo abandonou o curso universitário sem o concluir. Dizia ser uma pessoa deprimida. Procurou alívio no Catolicismo, não encontrando. Fez-se então adepto do espiritismo, sofrendo nova decepção. Depois de algum tempo se converteu ao pentecostalismo, ingressando na Igreja Cristã de Nova Vida. Da convivência com os irmãos, conhece seu futuro genro e parceiro de ministério, Romildo Soares – mais tarde missionário R.R. Soares. Era 1968. Quatro anos depois deixam, juntamente com Roberto Augusto Alves e os irmãos Samuel e Fidelis Coutinho, a ICNV, quando, no mesmo ano, fundam a Igreja Cruzada do Caminho Eterno. Em 1977, após a saída dos irmãos Coutinho da ICCE, Edir Macedo, Romildo Soares e Roberto Augusto mudam o nome da denominação para Igreja Universal do Reino de Deus, começando na Abolição (zona norte do Rio de Janeiro) – Roberto Alves, que sagrou Edir Macedo como pastor e recebeu deste também o ordenamento, regressou à ICNV. Descontente com a prepotência e o espírito mercantilista de Edir Macedo, Romildo Soares deixa também a IURD para fundar, em 1980, a Igreja Internacional da Graça de Deus.

Único no poder, Edir Macedo coloca em prática parte de sua experiência e aprendizagem na Igreja Cristã de Nova Vida e associa está ao liberalismo da Quadrangular, criando em pouco tempo um império que, três anos depois, alcança os EUA, ao fundar a primeira IURD no exterior, na cidade de Monte Vermont, Nova York. Nove anos depois chega a Portugal, e em 1996 funda a primeira IURD no Japão. Segundo Campos, o sucesso da Igreja Universal pode ser medido ainda pelo número de templos abertos até 1995: 2.014 no Brasil e 236 em 65 países, nos quais são atendidos cerca de quatro milhões de pessoas, que participam dos “cultos”, “correntes de fé” e “campanhas de fé” (Lusotopie, 1999, p. 355).

Embora discordante de alguns pontos defendidos por MacAlister, Edir Macedo se apropria de parte de sua mensagem, que envolvia cura divina e prosperidade por meio da fé. Deu prosseguimento, também, ao trabalho nos meios de comunicação, elegendo a televisão como seu cavalo de Tróia. Até então, timidadente explorada por igrejas históricas, como a Batista e a Presbiteriana, a televisão passa a ser palco, nos anos seguintes, do trabalho de convencimento e propaganda da Igreja Universal e da Igreja Internacional da Graça de Deus e, futuramente, da Igreja Mundial do Poder de Deus. As pentecostais e históricas ocupariam uma pequena parcela de horários, com exceção do programa “Vitória em Cristo”, antes sem denominação oficial, mas a partir de 2010 ancorada na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, sendo Silas Malafaia o presidente eleito.

Da IURD à Mundial Renovada

Da Igreja Universal do Reino de Deus surgiriam inúmeras outras igrejas neopentecostais, com exceção da Renascer em Cristo (de origem pentecostal – seus fundadores eram membros da Igreja Pentecostal da Bíblia, Jabaquara, SP), da Igreja Evangélica Cristo Vive (fundada pelo ex-pastor da Igreja Cristã de Nova Vida, o angolano Miguel Ângelo) e de grupos minoritários, como a Bola de Neve (fundada pelo Apóstolo Rina, ex-pastor da Renascer em Cristo) e Sara Nossa Terra (fundada pelos bispos Robson e Maria Rodovalho, de origem presbiteriana). Da Igreja Universal surgiria, ainda por fins da década de 70, uma dissidência organizada pelos irmãos Coutinho. As duas maiores dissidências da IURD, entretanto, surgiriam nas décadas seguintes: a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) e a Igreja Mundial do Poder de Deus, do Apóstolo Valdomiro Santiago (1998)

Da IIGD não se conhece nenhuma dissidência, mas da IMPD surgiriam, entre 2010 e 2011, quatro igrejas: a Igreja Mundial Renovada (05/2010), Igreja Missionária do Amor (08/2010), o Templo Mundial Resgate da Fé (09/2010) e a Igreja Evangélica Celeiro de Deus (10/2011). Das igrejas dissidentes, três foram fundadas por aliados de Valdomiro Santiago: Givanildo de Souza (segundo na cúpula da IMPD e fundador da IMA), Roberto Damásio (terceiro na ordem e fundador da IMR) e Sebastian de Almeida (homem de confiança da IMPD e fundador do TMRF). Do quadro original de dirigentes e apresentados em matéria publicada pela revista Época, apenas Francileia de Oliveira (esposa de Valdomiro Santiago) e Ronaldo Didini (ex-homem de confiança de Edir Macedo, e consultor de mídia da IMPD) permanecem ao lado do fundador. Para às igrejas dissidentes também seguiriam, em grande número, outros bispos da IMPD. Novos líderes e igrejas dissidentes surgirão nos próximos anos. Aguarde!

Fonte: INPR

quinta-feira, 26 de abril de 2012

As sementes de 2Co 9 são ofertas para a igreja?

No AT, a recompensa pela fidelidade no dízimo estava vinculada à prosperidade material. Atualmente a recompensa pela fidelidade na mordomia cristã se relaciona a bênçãos espirituais (MACDONALD, 2011, p.797). 

Propaga-se, hoje com mais  intensidade, a teologia de que "dinheiro atrai dinheiro", isto é, a oferta de dinheiro a Deus (entenda para a conta-corrente de algum ministério) atrai o favor divino trazendo-lhe mais dinheiro. É ensinado, portanto, que devemos plantar dinheiro para colher mais dinheiro. As ofertas não são mais movidas pelo amor ao próximo, e sim pelo amor a si mesmo, pelo egoísmo e pela ganância financeira. É a chamada "lei da semeadura".
O capítulo 9 da 2ª carta aos Coríntios é o texto do Novo Testamento predileto para leitura antes do momento de se recolher ofertas financeiras, no intuito de sensibilizar os ouvintes e garantir uma “boa colheita” de "sementes" para os cofres da congregação ou de algum ministério qualquer.
É preciso deixar claro, desde o início, que Paulo não está pedindo ofertas para cobrir despesas do seu ministério, que era intenso e dispendioso, por sinal. Ele estava discutindo com os coríntios a questão da coleta que estava sendo feita entre as igrejas gentílicas para ajudar os pobres judeus cristãos da Judeia que foram duramente atingidos pela fome durante o reinado do imperador Cláudio, no período de 41-54 d.C. e a igreja de gentílica de Antioquia (Síria) tinha reagido rapidamente mediante o envio de dinheiro por Barnabé e Paulo, conforme registro em At 11.27-30 (CARSON, 2009, p.1802).
Paulo usa o exemplo dos macedônios que, apesar de estarem enfrentando tribulação e profunda pobreza expressaram a sua generosidade, contribuíram até mesmo acima de suas posses para ajudar os cristão ainda mais necessitados que eles (2Co 8.3-5).
E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará (2Co 9.6).
Repartir com outros é semelhante a espalhar sementes: quanto mais semearmos, mais ceifaremos. Isso não é uma promessa que se alguém der 7 reais irá receber 77 reais de volta. Em vez disso, é uma afirmação da habilidade de Deus de dar mais que seu povo (RICHARDS, 2004, p.1029).
A convicção de que Deus é capaz de suprir nossas necessidades tem como objetivo nos libertar para dar generosamente, sem receio de virmos nos privar, ou a nossa família, quando formos ao encontro das necessidades dos outros (RICHARDS, 2004, p.1030).
No texto específico, Paulo recomenda a assistência caridosa usando uma bela comparação em que vincula-a à semeadura. Pois na semeadura, a semente é enterrada no solo, de modo que aparentemente veio a se perder. Dá-se o mesmo com os donativos: o que sai de nós para alguém parece diminuir o que possuímos, mas o tempo da colheita virá, os frutos aparecerão e serão colhidos. O Senhor considera o que é doado aos pobres como sendo doado a Ele mesmo, e um dia, agora ou no porvir, recompensará o doador:
Ao SENHOR empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício (Pv 19.17).
A semente e a ceifa não se referem necessariamente a finanças. A colheita não se refere necessariamente ao alcance de vitórias na área da saúde, da habitação, do judiciário ou mesmo de conversões de entes queridos, que Deus pode até conceder, mas não são o alvo da vida cristã.
Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15.19).
Não se trata de receber de volta exatamente o que foi dado, mas de receber uma porção muito maior. É claro que esse retorno se refere mais a bênçãos espirituais do que a bens materiais (MACDONALD, 2011, p.567).

Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria (2Co 9.7).
O receio de perdermos algo não pode nos impedir de fazer o bem, lembrando que Deus julga a liberalidade com base na disposição e não na quantidade dada.
É possível contribuir com um coração pesaroso. Também é possível contribuir sob a pressão de apelos emocionais ou sob constrangimento público. Nenhuma dessas motivações é válida, porque Deus ama a quem dá com alegria. O que importa para Ele é a atitude do coração. Deus tem prazer em ver o cristão repleto de alegria do Senhor que deseja compartilhar seus bens com os outros (MACDONALD, 2011, p.567-8).

E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra (2Co 9.8).
Encontramos aqui a promessa de que, se uma pessoa deseja ser, de fato, generosa, Deus lhe dará a oportunidade de exercer sua generosidade. Paulo menciona um duplo benefício: que teriam o que bastasse para si e um excedente para a prática do bem compartilhando com os mais carentes. Em relação a esse versículo o reformador João Calvino esclarece em seu comentário sobre essa epístola:
Pelo termo suficiência, ele tem em mente aquela medida que o Senhor bem sabe ser-nos proveitosa, pois nem sempre é-nos proveitoso acumular à saciedade (…). Porque a razão de Deus nos fazer o bem não é tanto para que alguém guarde para si mesmo o que recebeu, mas para que haja mútua participação entre nós, de acordo com os reclamos das necessidades (CALVINO, 2008, p. 234).

Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre (2Co 9.9).
Neste versículo o apóstolo cita o Salmo 112.9.
O versículo descreve um homem que semeou com fartura, isto é, realizou atos de bondade, suprindo as necessidades dos pobres. Ele saiu perdendo com isso? De maneira nenhuma! Sua justiça permanece para sempre. Isso significa que, se espalharmos nossa bondade como um semeador espalha as sementes, ajuntaremos tesouros no céu. O resultado de nossa bondade permanecerá para sempre (MACDONALD, 2011, p.568).

Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça (2Co 9.10).
Paulo faz menção aos resultados das bênçãos divinas: primeiro, termos o suficiente para o sustento da vida; em seguida, termos algo que doar com o fim de aliviar as necessidades de outras pessoas.
Ao falar de semente, ele faz referência aos meios pelos quais se faz o bem; e por fruto, ele quer dizer a própria obra de assistência que é  prestada; porque justiça, aqui é usada por sinédoque, para significar a beneficência (CALVINO, 2008, p. 236).
Dar assistência às necessidades de nosso semelhante é uma parte da justiça – e não é de modo algum, a menor parte -, os que negligenciam esta parte de seu dever devem ser tidos na conta dos injustos (CALVINO, 2008, p. 237).
Ao levantar uma oferta para os cristãos em Jerusalém, os coríntios estavam praticando um ato de justiça em decorrência do qual colheriam recompensas eternas (grifo nosso). À medida que Deus lhe concedesse mais capacidade de contribuir e eles o fizessem com mais generosidade, suas recompensas também seria maiores (MACDONALD, 2011, p.568).

Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus (2Co9.11).
Paulo nos ensina que estas são as verdadeiras riquezas dos crentes – quando confiam que a providência divina lhes dará sustento suficiente, e não desanimam em fazer o bem por desconfiança. Ninguém é mais frustrado ou carente do que aquele que vive sem fé, cuja preocupação com suas posses dilui toda a sua paz.

Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus (2Co9.12).
Paulo descreve os resultados da contribuição antecipada dos coríntios não somente como suprindo a necessidade dos santos, mas que também redunda em muitas graças a Deus.
Os que se beneficiarem glorificarão a Deus pela obediência da confissão dos coríntios e pela liberalidade com que contribuíram para eles e para todos, e em seus corações oram eles a favor dos coríntios com grande afeto (CARSON, 2009, p.1805).

Portanto, o capítulo não trata de dízimo ou de ofertas para a “manutenção da obra”, e sim de contribuições exclusivas para ajudar os cristãos mais necessitados que se encontravam na judeia, enfrentando privações materiais.
Atitudes como esta estão cada vez mais escassas no meio evangélico. Os ministérios esquecem-se, ou não dão a importância devida á missão integral da igreja, que deve olhar o ser humano, não apenas como uma alma necessitada de salvação, mas também como corpo e suas carências neste mundo. A expressão do amor a Deus é manifestada através de ações que manifestam o amor ao próximo:
Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão (1Jo 4.20,21).

Saber pensar, saber crer!

por: Joel Alexandre

terça-feira, 17 de abril de 2012

Sou a favor do aborto de anencéfalos, por Maurício Zágari

Muito tem se falado sobre o aborto de anencéfalos, as questões éticas, médicas, psicológicas e religiosas envolvidas nesse ato bárbaro. Mas o que poucos falam é que a Igreja evangélica no Brasil tem sofrido uma epidemia de anencefalia. Essa palavra complicada significa ao pé da letra “pessoa com falta de encéfalo”, ou, de modo mais popular, “pessoa sem cérebro”. Bem, se você está pensando que vou entrar aqui na questão do aborto de seres humanos anencéfalos eu peço desculpas por decepcioná-lo, mas não é esse o foco da minha reflexão. O que vou abordar não é ausência de massa encefálica nos indivíduos. É a forma como muitos de nós, cristãos, têm usado sua massa encefálica no que tange à Igreja e que faz com que ela nada mais sirva senão para ocupar espaço dentro do crânio. O que dá na mesma.

Só para pegar um exemplo de anencefalia cristã que está na moda: o conceito evangélico. A quantidade de pessoas que têm repudiado esse termo correto e histórico é surreal e um sintoma de anencefalia. “Não sou evangélico, sou cristão”, bradam muitos, na ânsia por se mostrar diferentes daquilo que a parcela mais visível da Igreja evangélica se tornou, aquela que está na mídia, que rouba o povo, que simula exorcismos, que usa Cristo como desculpa para ter dinheiro, poder e influência. Só que, se você faz parte como eu do grupo que segue os ditames da Reforma – resumidos nos cinco “sola”: Sola Fide, Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia e  Soli Deo Gloria – mas repudia o vocábulo “evangélico”, eu te diria: meu querido irmão, lamento informar: você é um evangélico, queira ou não.

Com todo carinho: pense historicamente e não nas frases feitas que esse ou aquele aquele pastor anda falando contra esse termo histórico. Você é filho da Reforma? Segue o Cristianismo protestante? Professa a fé apostólica? Cumpre o que Jesus ensinou no Sermão do Monte? Então ponha dentro do seu encéfalo que você é SIM um evangélico, que nada mais é do que um sinônimo para “cristão de tradição protestante”. É exatamente como um cachorro que vive bradando: “Eu não sou um cachorro, sou um cão!!!”. Meu irmão, minha irmã, concentre-se em coisas de fato importantes, como amar o próximo e viver uma devocionalidade de maior intimidade com Deus. Levantar como bandeira “eu não sou evangélico” é coisa de quem não pensa com os olhos voltados para a História da Igreja.

Esse exemplo mostra que temos massa encefálica mas muitos não a estão usando adequadamente. Ou seja: em grande parte, nosso cérebro está se tornando pouco útil para o Reino de Deus. O que dá na mesma que não tê-lo. Muitos se tornam ávidos consumidores do veneno que meia-dúzia de formadores de opinião E-VAN-GÉ-LI-COS destilam pela TV, as redes sociais, os blogs, twitcams e suas conferências cooptadoras de corações e mentes e não ponderam biblicamente ou historicamente sobre o que estão falando. Por isso, muitos cristãos anencéfalos estufam o peito e começam a meramente repetir uma enorme quantidade de conceitos forjados, clichês e besteirois dos pontos de vista escriturístico e histórico. E por uma simples razão: não se dedicam ao estudo da Bíblia e não conhecem nada de História da Igreja (mas sempre mencionam as Cruzadas, a Inquisição e o apoio de alguns à Alemanha nazista, é claro, seus episódios prediletos, para mostrar como a instituição eclesiástica é o “grande satã”). E, como são locomotivas desembestadas mas sem ter trilhos históricos ou bíblicos onde trafegar, acabam arrebentando tudo pelo caminho. Seus alicerces são quebradiços e o terreno onde erguem seus conceitos é areia movediça.

Nossos anencéfalos inundaram as redes sociais. Todo santo dia você entra no twitter ou no facebook, assiste a uma twitcam ou vê no YouTube um desfile de falta de conhecimento e reflexão. Daí surgem pérolas do pensamento cristão da era pós-traumática causada pelo neopentecostalismo. Alguns exemplos clássicos (veja se você já não ouviu alguma dessas frases): “Tornei-me cristão quando saí da igreja”, “não congrego em uma igreja, mas em uma comunidade”, “a Igreja institucional foi invenção de Constantino”, “somos da graça e não da religião”, “Jesus nunca construiu templos”, “denominações não, Jesus sim”… Tudo fruto de uma anencefalia balística, belicosa, segregacionista, revoltada, destrutiva e em nada cristã. Semana passada mesmo uma irmã querida do twitter que fala em sua bio de “amor” e “misericórdia”, tuitou: “Prefiro estar de fora dos portões do religioso, a entrar e comungar com ele“. Santo Deus… era isso o que o Cristo diria ou faria? Ou Ele muitas vezes iria às casas dos fariseus e comungaria com eles? Bem-aventurados os pacificadores? Que nada, vamos cair de pau em cima dos “religiosos”.

Esses conceitos, que mais parecem adesivos de para-choque de automóveis, infestaram os crânios de uma gigantesca parcela da Igreja e carcomeram o pensamento dos evangélicos. A meu ver, o maior exemplo recente disso foi o pastor-celebridade que escreveu em seu blog que estava rompendo com a Igreja evangélica. O mais curioso é que ele continua fazendo tudo como sempre fez… isto é, de modo evangélico. Eu confesso, não sabia se ria ou chorava muito quando vi que ele escreveu no texto: “Agora sinto necessidade de distanciar-me do Movimento Evangélico” mas assinou o artigo com “Soli Deo Gloria” – que, como já vimos, é um dos cinco pilares justamente do… Movimento Evangélico!!! O supra sumo da contradição. E esse texto ainda foi “curtido” por mais de mil pessoas no Facebook, uma prova de que as pessoas nem se deram conta de quão sem nexo foi aquilo.

Dá vontade de chegar para um pastor como esse e dizer “ô, amigo, deixa de criancice e volte a ser quem você era anos atrás, quando pregava belissimamente a Bíblia e não se achava o perseguido do universo”. Cito esse exemplo porque são formadores de opinião como esse cavalheiro que têm incentivado muitos a pular como ratos medrosos do barco só porque ele está minando água. Mas ratos nao pensam, agem por instinto. Quem pensa fica no barco e ajuda a consertar o que vai mal. Usa o cérebro. Identifica os problemas e colabora para saná-los, pega prego e martelo e sua para tapar os rombos, em vez de anencefalicamente pular na água e ainda arrastar multidões consigo… pro fundo do mar.

Que a Igreja vai mal todos sabemos, basta ler livros como o brilhante O Fim de Uma Era, de Walter McAlister, que mostra por A+B por que uma parcela da Igreja vai falir. Não é à toa que recebeu o Prêmio Areté de “Livro do Ano”. Quer conhecer boa teologia, em vez de teologia de botequim? Vá atrás do que é BÍBLICO.

Teologia da Prosperidade; falsos religiosos em busca de poder e dinheiro; escândalos absurdos envolvendo líderes na TV e sendo proclamados aos quatro ventos; telepastores vendendo unção financeira; cantores gospel se prostituindo em programas de TV só para divulgar seus CDs; pastores sem nenhuma vocação sendo ordenados e por isso machucando milhares de ovelhas que se desviam ou se desigrejam; movimentos antieclesiásticos se opondo à Igreja organizada; pastores de vida errada mas que posam de “porta-vozes da graça” desmerecendo práticas bíblicas como o dízimo; politização de setores da Igreja; relativização do pecado; emergentes pregando o universalismo; pastores ensinando que não tem nada de mais em ir ao show do Ozzy Osbourne; mescla de valores mundanos com os sacros em prol de “falar a linguagem de nossos dias”; pastores ávidos por poder e influência usando charme, mídia, tecnologia e até falando palavrão de púlpito para conquistar o nicho dos jovens; marxismo sendo travestido de cristianismo; dons espirituais sendo forjados para manipular pessoas; a seriedade e a sacralidade dos cultos a Deus sendo substituída por uma irreverência de show de pagode; desmerecimento do estudo teológico, propagação de uma fé sofista que põe o homem como medida de todas as coisas, professores liberais de seminário ensinando que Deus não controla as forças da natureza… Enfim, se formos listar todos os males que hoje tornaram grande parte da Igreja anencéfala ficaríamos falando até amanhã.

É verdade, há muita podridão dos bastidores da Igreja evangélica, infelizmente. Mas é por isso que vou pular do barco como um rato medroso e deixar as ovelhinhas do Senhor afundarem? É por isso que vou deixar de lutar com todas as minhas forças para que a Igreja se aprume, seja purgada e viva o Evangelho cristalino? Não. Me recuso. Me recuso a deixar os manipuladores de mentes tornarem minha massa encefálica inútil para o Reino de Deus. Recuse-se também. A Igreja vai mal, querido, querida. Há focos de resistência. Mas, no geral, há muitos que, de modo bem-intencionado ou maligna e astutamente, usam palavras, charme, carisma ou berros para conquistar as massas anencéfalas.

Tenho ouvido, visto e vivido coisas que, para quem ainda tem um cérebro um pouquinho funcional que seja, são de nos fazer passar a noite em claro, orando e chorando pela Igreja que tanto amamos. Parece que a anencefalia tomou conta e estamos felizes da vida por vivermos na mediocridade espiritual e mental. Esse tipo de anencefalia, preciso dizer, quero mais é que seja abortada. Existe a hora de falar besteira, de brincar, contar piada, falar abobrinhas, relaxar a mente? Sem dúvida! Gosto disso tanto quanto qualquer um. Mas… o tempo todo? Aí isso já é sintoma de que algo está errado.

Sim, sou a favor do aborto de anencéfalos. De matar não o indivíduo, mas o fenômeno. De reativar cérebros que só funcionam se conectados a mentes alheias. De eliminar as frases feitas e os jargões. “Passei a ser cristão quando abandonei a igreja“… ora, faça-me o favor! Quem diz isso não sabe que onde dois ou três estiverem reunidos em nome de Jesus Ele ali estará, seja numa igreja institucional, num templo ou numa denominação?! “Jesus é contra a religião“… será que quem replica essa bobagem sabe que “religião” significa o “religare” entre Criador e criatura, que é intimidade com Deus, e que, logo, oração, por exemplo, é religião?! “A Igreja primitiva se reunia em lares, não havia hierarquia nem liturgia” … mano, mana, pegue um livro de História bem chinfrim e você descobrirá que os primeiros cristãos se reuniam em lares só porque se não fizessem seu culto escondido eram mortos pelo Império Romano, que havia hierarquia sim na Era Apostólica e que só a Ceia do Senhor já configura uma liturgia.

Então chega. Abortemos toda a anencefalia que esvaziou a caixa craniana de muitos dos nossos irmãos. Passemos a ler mais bons livros. A estudar a Bíblia. Paremos com esse preconceito bobo e preguiçoso de estudar teologia. Vamos abolir nossa admiração pelas frasezinhas bonitinhas dos famosos do twitter, os videozinhos de teologia vazia do YouTube e, em especial, a gritaria da televisão.  Chega de pensar pela cabeça desses famosos e não pela Bíblia. Chega de viver uma fé por tabela. Aprenda com os antigos. Leia os clássicos e ignore os best-sellers. Ler superficialidades como “A Cabana” não vai te levar a lugar nenhum. Aborte isso da sua vida.

Por favor, não quero soar dono da verdade. Não sou. A Bíblia é. Desconfie de mim tanto quanto de qualquer outro nome da web. Mas se de algum modo as palavras que usei de forma propositalmente provocativas neste post mexeram com seu sangue e puseram sua cabeça para funcionar – mesmo que seja para considerar as minhas ponderações um monte de equívocos – ótimo! Pelo menos o seu cérebro está funcionando. Pense. Questione. Mas não feche suas conclusões com o primeiro famoso que cruzar seu caminho. Duvide das celebridades. Ouça o conselho dos anônimos (esses em geral têm bem menos rabo preso com interesses financeiros, políticos, empresariais ou ministeriais). Não quero que você concorde comigo. Quero que você PENSE. Que saia da esfera de influência dos que te arrebanharam com pensamentos pré-concebidos. Quer te usam como massa de manobra. Que lucram nas suas costas. Que se promovem e vendem CDs ao fazer você venerá-los. Que não querem ser criticados e por isso puseram na tua cabeça que “o crítico é um enrustido que tem inveja do sucesso dos outros” – e você nem percebeu o incrível absurdo que é essa frase e que ela por si só constitui uma crítica.

Pense, meu irmão. Pense, minha irmã.

E vamos abortar a anencefalia que hoje invadiu a Igreja como uma peste. É hora de começarmos a consertar o barco. Se você pulou fora, suba de novo a bordo. Vamos fazer a igreja voltar a ser Igreja – mas da forma certa. E não de modo desmiolado.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fonte: Apenas

Evidências da ressurreição de Cristo, por William Lane Craig


"Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados" (1Co 15.17).

O apologeta William Lane Craig aponta três grandes evidências da ressurreição de Cristo[1].

Primeira evidência: o túmulo vazio. A história da ressurreição de Cristo não teria durado um minuto se o corpo de Jesus estivesse na tumba. Contudo, há grandes evidências que comprovam o fato de que o túmulo de Jesus ficou vazio.

Primeiro, a credibilidade da história do enterro de Jesus. Existe ênfase no Novo Testamento no sepultamento de Cristo. Paulo escreveu em 1Coríntios 15.3-5: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultados e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois ais Doze”. No período em que esse texto foi escrito, como as testemunhas de Jerusalém estavam vivas, elas poderiam desmentir Paulo afirmando que não houve sepultamento de Jesus. Contudo, isso não ocorreu. Além disso, não havia tempo suficiente para que uma lenda a respeito do sepultamento de Cristo tivesse surgido e sido aceita por todos. O próprio Paulo esteve por duas semanas em Jerusalém (Gl 1.18) e lá pode confirmar o fato de que todos sabiam que Jesus foi sepultado. Outro ponto importante é considerar a figura de José de Arimatéia. Nenhum acadêmico de nosso tempo afirma que José é uma invenção dos primeiros cristãos, sobretudo por se afirmar que ele era um membro do Sinédrio, fato que poderia ser facilmente desmentido. Além disso, até mesmo detalhes incidentais que os evangelhos fornecem sobre José corroboram sua existência histórica. As narrativas afirmam que ele era rico (o que justifica o tipo de túmulo) e que ele era de Arimatéia (um lugar sem nenhuma importância e simbolismo na Bíblia).

Segundo, o túmulo vazio foi descoberto por mulheres. Dado o relativo baixo status que as mulheres ocupavam na sociedade judaica e sua pequena qualificação para servir como testemunha legal, é surpreendente o fato de que foram mulheres que descobriram o túmulo vazio. Se, de fato, não fossem mulheres que tivessem descoberto o túmulo vazio, por que a igreja afirmaria isso e humilharia seus líderes afirmando que esses permaneceram escondidos em Jerusalém como covardes? Além disso, os nomes das mulheres citadas eram conhecidos por toda a igreja primitiva e seria muito fácil desmenti-las caso elas não tivesses visto o túmulo vazio primeiro.

Terceiro, a investigação que Pedro e João fizeram do túmulo vazio é historicamente provável. A visita dos discípulos à tumba vazia é extremamente plausível porque eles estavam em Jerusalém.

Quarto, seria impossível para os discípulos anunciarem a ressurreição em Jerusalém se a tumba não estivesse vazia. O túmulo vazio é a condição sine qua non do anúncio da ressurreição de Cristo. A pregação dos discípulos não duraria um minuto se o corpo de Jesus estivesse sepultado.

Quinto, os próprios opositores do cristianismo não negaram o fato do túmulo vazio. Os judeus opositores à fé cristã em nenhum momento negaram que o túmulo estivesse vazio, pelo contrário, acusaram os discípulos de terem roubado o corpo de Jesus. Essa é uma evidência muito persuasiva de que o túmulo estava vazio.

Sexto, o fato de que o túmulo de Jesus não foi venerado indica que ele estava vazio. Os judeus veneravam e preservavam os túmulos dos profetas e homens santos. Essa veneração era aspecto importante na religião judaica. Contudo não existe o mínimo vestígio de que o túmulo de Jesus foi venerado. A razão para isso é que ele estava vazio.
Somadas, essas evidências são um forte argumento para comprovar o história de que o túmulo de Jesus estava vazio.

Segunda evidência: as aparições de Jesus ressuscitado.  Há grande comprovação histórica de que Jesus foi visto depois de morto por várias pessoas. Em 1Coríntios 15.3-5 Paulo afirma que Jesus apareceu a Pedro e aos demais discípulos, e prossegue dizendo: “Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo” (1Co 15.6-8). Essas informações de Paulo foram escritas muito próximas aos eventos e, por isso, não podem ser lendas. A maioria das quinhentas pessoas que viram Jesus ressurreto poderia ser questionada para comprovar a história.

Terceira evidência: a origem da crença dos discípulos na ressurreição de Jesus. Por que os discípulos acreditariam que Jesus ressuscitou se de fato ele não tivesse ressuscitado? Não há explicação satisfatória para essa pergunta a não ser admitir que Jesus realmente ressuscitou dentre os mortos. È importante notar que os judeus acreditavam na ressurreição, como comprovam os textos de Isaías 26.19, Ezequiel 37 e Daniel 12.2. Contudo, eles acreditavam que a ressurreição seria no fim do mundo e não no meio da história, e também que a ressurreição seria para todas as pessoas e não para um indivíduo isolado. Portanto, os discípulos de Jesus só poderiam crer na ressurreição de Jesus e morrer afirmando que o viram depois da morte, se verdadeiramente Jesus tivesse ressuscitado e aparecido para eles. É um contra-senso afirmar que alguém morre por algo que sabe ser uma mentira.


[1] CRAIG, Willian L. Did Jesus rise from the death? In: WILKINS, Michael J.; MORELAND, J.P. Jesus under fire. Grand Rapids, Michigan: Zodervan, 1995, p.141-176

Uma apologética a favor da apologética, por Norman Geisler

Antes de abordar os argumentos e evidências a favor do Cristianismo, nada mais normal do que discutir uma questão primordial: vale a pena estudar apologética? Alguns cristãos acham que não vale a pena e temem que jovens cristãos se afastem de Deus ao tentar responder racionalmente às questões e objeções sobre sua fé. Alguns chegam a ter argumentos contra usar argumentos! O texto abaixo, de autoria de Norman Geisler, um dos maiores apologetas da atualidade, refuta muitos argumentos contra a apologética e certamente fortalecerá e encorajará os leitores a não abrir mão da racionalidade que anda de mãos dadas com a fé cristã.


domingo, 15 de abril de 2012

A verdadeira vitória do Cristão, por Eliana Neves


Tenho 29 anos. Desde os 3 sofro de uma doença autoimune chamada “psoríase”, que provoca inflamação e descamação na pele. Não tem cura para a medicina. Seu controle depende de medicamentos pelo resto da vida. Também desde criança tenho enxaqueca, outra enfermidade para a qual a medicina desconhece a cura e cujo controle depende de tratamento pelo resto da vida. Nasci e cresci em um lar cristão. Dentro da igreja. E o fato é que desde criança já participei de inúmeras campanhas por cura. Campanhas de 7 semanas, de não sei quantos dias de jejum e oração… enfim, campanhas de todos os tipos. Meus pais, na ânsia de querer ver a filha sem dor e com uma pele saudável, me levavam em todo lugar em que tivesse um pastor que ministrasse cura. E, todas as vezes, sem exceção, eu ouvia ao final: “Você está curada, querida.  Creia!” , “Se você sentir dor novamente, é o diabo testando sua fé, repreenda!”, “Os sintomas estão aí, mas a cura já ocorreu, você tem que crer”, “Tome posse da cura”, “Eu decreto a sua cura, em nome de Jesus”. Eram momentos de muito entusiasmo, eu me lembro. Não faltavam “aleluias” e “glórias a Deus”.  Por fim, após certo tempo sem que houvesse a cura, eu escutava a mais cruel de todas as afirmações: “Você não foi curada porque não teve fé suficiente”.

Eu, ainda criança, não entendia essa afirmação dos irmãos, no sentido de já ter sido curada e continuar com os sintomas como um sinal de teste da minha fé. Como se Deus tivesse concedido a cura mas, depois de alguns dias, pelo fato de a minha fé não ser suficiente, tivesse tomado a cura de volta para Ele e me devolvido a enfermidade de novo. Quando mais velha, comecei a procurar algo que justificasse isso na Bíblia, mas eu não encontrava. Não havia coerência. E, o fato é que até hoje não encontrei, simplesmente porque é um ensinamento que vai contra tudo o que a Palavra de Deus ensina.

Ou melhor, não tinha encontrado. Até ler recentemente um livro que mudou meu entendimento. Seu título é A VERDADEIRA VITÓRIA DO CRISTÃO (de Maurício Zágari, editora Anno Domini).

Quando terminei a leitura desse livro, pensei no quanto o sacerdote que escreveu o prefácio, Walter McAlister, estava certo quando escreveu  o seguinte: “Louvo a Deus pela coragem e a compaixão que este livro revela no seu autor”. Confesso que, antes de ler o livro, me perguntei o motivo pelo qual ele teria se referido a coragem. Mas, ao concluir a leitura, entendi. O livro revela coragem na medida em que desconstroi a falsa ideia de vitória pregada hoje no meio evangélico e defendida por sacerdotes que influenciam incontável número de cristãos. E, confesso, que já influenciaram a mim também.

Realmente não é fácil enfrentar uma heresia tão disseminada, sobretudo nos dias atuais, em que admitir que um cristão pode não obter aquilo que deseja de Deus, mesmo que tenha muita fé, chega a ser considerado uma blasfêmia por alguns. E, mais uma vez confirmando a afirmação de Walter McAlister, (premiado com 4 Prêmios Areté, inclusive “Livro do Ano”, por “O Fim de Uma Era“) percebi também que o livro, além de revelar a coragem de enfrentar a heresia triunfalista que contaminou nossas igrejas, revela compaixão pelo fato de consolar biblicamente aqueles que buscam uma vitória tão pregada hoje nas igrejas e que, não raramente, nunca acontece.

É claro que Deus cura, se Ele quiser. Mas, não é meu direito exigir isso dEle. Assim como não significa que um cristão nunca pode adoecer. E, aqui, cito uma frase do livro A VERDADEIRA VITÓRIA DO CRISTÃO: “Deus é Senhor, não nós”.

De fato, a heresia criada acerca da vida cristã sem problemas, além de desonrar a Deus, causa muito sofrimento ao cristão. Penso que, como eu, há muitos por aí. Certamente com problemas diferentes, familiares, de ordem financeira etc., mas também pedindo a Deus por um milagre que não aconteceu. E que só vai acontecer se o Senhor, que é soberano, assim quiser. O problema é que muitas dessas pessoas sofrem caladas na igreja de hoje, que prega apenas triunfalismo e usa a promessa de Jesus de vida abundante para distorcer o Evangelho e proclamar que cristão que é cristão de verdade vive de milagre.

E, não bastasse a existência de cristãos que sofrem sozinhos, a heresia traz para o seio da igreja milhares de pessoas que estão atrás de milagres, mas não de Jesus. Querem as bênçãos, mas não se comprometem com uma vida de luta contra o pecado. Afinal, Deus é bom e quer apenas a nossa felicidade. Crescem os evangélicos, mas não cresce o reino de Deus. Creio que, além de falsos mestres, há muitos cristãos bem intencionados que pregam esse “evangelho de vitória” porque assim foram ensinados.

E é aí que recomendo o livro A VERDADEIRA VITÓRIA DO CRISTÃO. Primeiro, porque o livro mostra, por intermédio de uma exposição bíblica maravilhosa, que absolutamente nada do que fizermos ou de quanta fé demonstrarmos ter fará com que tenhamos mérito em merecer alguma benção ou vitória de Deus. É tudo pela graça. Segundo, porque os cristãos bem intencionados que pregam um “evangelho” distorcido pelo fato de assim terem sido ensinados, poderão enfim entender o que a Bíblia expõe sobre o tema. Terceiro, porque aqueles cristãos que sofrem calados por não receberem a vitória que tanto almejam, perceberão que a graça de Deus lhes basta e que a verdadeira vitória do cristão é outra bem diferente – que só lendo o livro para saber qual é.  Neste aspecto, os relatos que o livro traz sobre os cristãos da igreja primitiva e os reformadores nos mostram o quanto o cristão está sujeito sim ao sofrimento enquanto estiver nesta terra. Esses relatos falaram muito ao meu coração.

Mas, além de tudo isso, o que mais me edificou neste livro foi o chamado de Deus para que voltemos os olhos àquilo que Sua Palavra diz. Para que, seguindo o exemplo dos cristãos da Igreja primitiva e dos reformadores, possamos nos desapegar dessa vida terrena e dos valores do mundo.

Encerro por aqui, pois, se fosse falar tudo o que esse livro me ensinou, o texto ficaria muito extenso.

O tema “vitória” necessita ser repensado à luz da Bíblia. Que A VERDADEIRA VITÓRIA DO CRISTÃO abençoe, instrua e console a muitos, assim como fez comigo. E que toda honra e toda glória sejam dadas apenas ao Senhor para sempre.

Fonte: Apenas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ravi Zacharias confirma presença na Consciência Cristã 2013

Com realização entre os dias 6 e 12 de fevereiro de 2013, a VINACC já anuncia algumas novidades na Programação da 15ª edição da Consciência Cristã, em Campina Grande, PB. Entre elas, a confirmação da participação do Dr. Ravi Zacharias, um dos maiores apologetas mundiais da atualidade.

O Dr. Ravi é filósofo, teólogo, apologeta, e autor de inúmeras obras, tais como: ‘Pode o homem viver sem Deus?’ (Can Man Live Without God?) e ‘Por que Jesus é diferente’ (Jesus among other gods)- Ambos publicados em português pela editora Mundo Cristão.

Zacharias preside o *Ravi Zacharias International Ministries, apresenta o programa de rádio semanal "Let My People Think" e é professor visitante do Wycliffe Hall of Oxford onde leciona apologética e evangelismo. Ele argumenta que uma cosmovisão coerente deve ser capaz de responder satisfatoriamente a quatro questões: a origem, significado, moralidade e destino do homem. Ele afirma que, embora todas as principais religiões façam declarações exclusivas sobre a verdade, a fé cristã é a única capaz de responder plenamente a todas as quatro questões citadas acima.

O palestrante deu atenção exclusiva ao Encontro para a Consciência Cristã, refazendo sua agenda especialmente para poder participar do nosso evento: "... praying that God will bless. Thank you for your invitation." Ravi Zacharias. Tradução: “... orando para que Deus possa abençoar [sua vinda ao Encontro]. Obrigado pelo convite”.

* Ravi Zacharias International Ministries- RZIM, é uma equipe global de conferencistas internacionais, com escritórios em todo o mundo: Estados Unidos, Reino Unido, Romênia, Turquia, Oriente Médio, Índia, Singapura, Hong Kong e Canadá. Fundada em 1984 por Ravi Zacharias.

Sou um péssimo pastor

Desculpe-me, mas sou um péssimo pastor... 
...porque eu não vou mudar a minha voz para que você sinta segurança, achando que tenho alguma autoridade, quando eu falar; 
...porque eu não vou pensar por você para facilitar sua jornada espiritual; 
...porque eu não vou falar mais alto do que você precisa para ouvir; 
...porque eu não vou lhe ensinar a determinar ou dar ordens ao Pai, como um filho mimado o faz; 
...porque eu não lhe dizer que você é um vencedor quando a sua espiritualidade está falida; 
...porque eu não vou lhe ensinar a temer a Deus mais do que a amá-lo;
...porque eu não lhe direi que você é especial simplesmente por estar frequentando uma Igreja;
...porque eu não alimentarei o seu ego pregando somente as coisas que você gosta de ouvir;
...porque eu não lhe ensinarei a ser próspero a qualquer custo enquanto o mundo morre de fome;
...porque eu não lhe ensinarei a mover as mãos de Deus através de uma oferta sacrificial;
...porque eu não lhe direi que Deus me revelou algo que não está no texto, somente para fazer a mensagem melhor para você;
...porque eu não vou lhe ensinar que a igreja de quatro paredes é a casa de Deus;
...porque eu não vou lhe ensinar que se você entregar o dízimo sua responsabilidade com os necessitados estará cumprida;
...porque eu não vou transformar a reunião do culto numa rave para que você fique atraído pelo ambiente;
...porque eu não vou lhe ensinar a marchar por Jesus, enquanto Ele quer que marchemos pelo próximo;
...porque eu não lhe darei uma lista do que pode ou do que não pode para você farisaicamente siga um mandamento no lugar de um Deus;
...porque eu não lhe ensinarei que há um diabo maior do que a Bíblia conta, somente para você poder colocar em alguém a sua culpa;
...porque eu não lhe ocultarei os meus erros para você pensar que é liderado por alguém melhor que você;
...porque eu não vou falar em nenhuma outra língua além da que você consegue compreender;
...porque eu não lhe tratarei melhor por causa do carro que você anda, da roupa que você veste ou do dinheiro que você põe no gazofilácio.
Dentre muitas outras coisas que poderia dizer: fique certo: sou um péssimo pastor.

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