O
neopentecostalismo não é genuinamente cristão por ferir contundemente todos os
cinco pilares da Reforma Protestante de 1517, trazendo à tona práticas que
foram combatidas desde a época dos pré-reformadores.
Hoje, o
neopentecostalismo não se restringe às denominações fundadas a partir da década
de 1970, mas é uma filosofia religiosa que já permeia por algumas igrejas
pentecostais, fundadas no início do século XX, e até já tem contaminado, mesmo
que timidamente, algumas igrejas tradicionais oriundas do período logo após a
Reforma Protestante.
As
denominações que abertamente seguem essa linha religiosa servem mais para
escândalo e vergonha do que para a glória de Deus:
·
Aglomeram pessoas mais por adesão do
que por conversão;
·
Incentivam seus ouvintes a buscarem somente
o seu próprio bem-estar e sucesso pessoal e esquecerem o amor ao próximo, aos
órfãos e às viúvas;
·
Todo o dinheiro que arrecadam é investido
em seu próprio patrimônio, retroalimentando esse império;
·
Relembrando Tetzel, pedem ofertas
prometendo bênçãos aos ofertantes;
·
Estão sempre com débitos exorbitantes na
intenção de sensibilizar os ofertantes a contribuírem;
·
Não realizam obras sociais, ou as
fazem minimamente apenas como pretexto para solicitar mais ofertas;
·
Seus líderes não tem formação
teológica nem mesmo conhecimento bíblico necessário, o que motiva,
constantemente, interpretações errôneas da Bíblia Sagrada e ensinamentos indevidos;
·
Autoproclamam-se por títulos que
demonstrem sua superioridade: “bispos”, “apóstolos”, “patriarcas”,
“presidentes”...
·
Buscam mais entreter o seu público do
que cultuar a Deus;
·
Não apresentam o homem como pecador
nem Jesus como o justificador;
·
Não apresentam Jesus como Senhor e
Salvador, e sim, como servo à disposição dos “cristãos”.
A Reforma
Protestante reafirmou os cinco pilares de um cristianismo puro e simples:
1) Sola Fide
(somente a fé);
2) Sola Scriptura
(somente a Escritura);
3) Solus Christus
(somente Cristo);
4) Sola Gratia
(somente a graça);
5) Soli Deo Glória
(glória somente a Deus).
Todos esses
pilares são derrubados pelo neopentecostalismo. Vejamos:
1) Descumprimento
do
Sola Fide (somente a fé): a fé, no neopentecostalismo, não é suficiente
para a justificação e para para se alcançar as bênçãos de Deus. São necessários
acréscimos do tipo: participação em correntes (normalmente por sete semanas); uso
ou compra de objetos ungidos (rosas, lenços, miniaturas variadas, água, sal
grosso, fotos, roupa branca...); passar por locais “consagrados” (portas,
portais, umbrais...); tocar em réplicas de objetos do Templo de Salomão; dar o
dízimo ou suas variações: “trízimo”, “dízimo do salário que você quer ter”; “ofertar
o valor de um mês de aluguel”; “R$ 911,00”; “R$ 1.000,00”.
E é evidente que pela lei ninguém será
justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé (Gl 3.11).
2) Desprezo do Sola gratia (somente a
graça): a graça divina é insuficiente. Há uma busca incessante e exclusivamente
por “bênçãos” materiais, saúde física e prosperidade financeira. Há o falso
ensino de que o cristão não pode permanecer doente ou em estado de escassez
financeira. A atração dessas igrejas não é a graça de Deus, mas sim, a
propaganda exacerbada de curas, quebra de maldições, expulsão de demônios,
prosperidade financeira acontecida após o encontro com a “igreja”. Muito
diferente da exortação de Deus ao apóstolo Paulo:
A minha
graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa
vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o
poder de Cristo. Por isso
sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco
então sou forte (2Co 12.9,10).
3) Descumprimento do Sola Scriptura (Somente
a Bíblia): a insuficiência da Bíblia Sagrada é patente em seus cultos. As
Escrituras são incrementadas por “outro
evangelho”, estranho ao ensinado por Cristo e por seus apóstolos e discípulos.
Esse outro evangelho não é escrito, mas repassado oralmente de seus púlpitos e
em programas de televisão e rádio, como se vê nos outros pontos desta matéria.
O qual não é
outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de
Cristo. Mas,
ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que
já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de
novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já
recebestes, seja anátema (Gl 1.7-9).
4) Desprezo pelo Solus Christus (Somente
Cristo): Cristo não é suficiente. Há a promoção de um messianismo nas atitudes
da liderança, quando expressam frases como estas: “esta obra é importante!”; “a
mão de Deus está aqui”; “venham pela minha fé!”; ou por atitudes do tipo: distribuir
seu suor em toalhas usadas; dar-se aos toques passando pela multidão; tocar em
fotos de pessoas doentes; fazer sacrifícios pelo povo (subindo montes com
garrafões de 20 litros de água, por exemplo).
Porque há um só
Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (1Tm 2.5).
5) Descumprimento do Sola Deo Gloria (Glória Somente a Deus):
a glória não é atribuída somente a Deus. Os pretensos milagres são atribuídos a
alguma atitude anterior tomada em relação à “sua” igreja. Entre o passado de
tribulação e o presente de bonanças, há sempre um encontro com a “sua” igreja,
participação em uma das “suas” correntes, ou um pagamento realizado à “sua”
igreja (entenda oferta, dízimo ou um outro nome criado para “campanhas”). Assim
a glória das vitórias, mesmo que indiretamente, é atribuída, primeiramente, à
congregação, e a Deus como consequência. O povo também é ensinado a buscar sua própria glória, seu próprio sonho, seus
próprios interesses, a viver em prol do que ele deseja, e não do que Deus realmente
quer.
Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas o
que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele
injustiça (Jo 7.18).
Excelente, meu amigo!
ResponderExcluirPr Claudio Britto - Ig Nazareno em Canoas - RS